LEITURA RECOMENDADA PELO DR.: A geração touch

Eles têm 15 anos. E carregam o empreendedorismo no DNA


LEITURA RECOMENDADA PELO DR.: A geração touch

Eles têm 15 anos. Não são os primeiros a crescer sob a influência da internet, mas os primeiros a se definir pela ligação com um universo digital e móvel. E carregam o empreendedorismo no DNA.

Há milhões de anos, os ancestrais do homem adquiriam uma característica que revolucionou sua relação com o mundo: o polegar opositor. Com ele, conseguiam agarrar e manipular ferramentas para criar objetos que marcaram a história humana: roupas, casas, computadores. Os movimentos finos de nossas mãos ainda são comandados pelos polegares, que, nos últimos anos, aprenderam a digitar velozmente em telas touch de smartphones e tablets. Esses aparelhos poderosos e de uso intuitivo se tornaram de tal modo uma extensão de nossos dedos que passaram a moldar o comportamento de uma geração inteira. Os jovens que hoje têm 15 anos conhecem a vida com um celular nas mãos. Eles não são os primeiros a crescer sob a influência da internet, mas os primeiros a se definir pela ligação com um universo digital e móvel: com o celular conectado à internet, carregam no bolso as amizades, a escola, o trabalho e uma fonte inesgotável de conhecimento. Ainda não há um nome estabelecido para eles. Há quem fale em geração Z ou pós-millennials. Pode-se batizá-los de "geração touch".

Estima-se que os jovens nessa faixa etária sejam hoje 26% da população mundial. Em pouco mais de uma década, eles deverão representar 75% da força de trabalho global. Muitos estarão à frente do próprio negócio. Vão se casar, ou se unir em outros tipos de relação estável. Terão os seus filhos. Pintar um retrato dessa multidão implica, obviamente, passar por cima de diferenças marcantes. A influência do lugar onde se nasce não deve ser ignorada, mesmo que esses adolescentes, vivendo ao redor do planeta mas interligados pela tecnologia móvel, tenham, como nenhuma outra geração anterior, um mesmo repertório de referências, imagens, informações. E a adolescência - bem, a adolescência continua a ser o turbilhão que sempre foi. Não há remédio para a maneira como ela exacerba comportamentos e traços de personalidade. Segundo os estudiosos, no entanto, o perfil de grupos etários que compartilham experiências culturais, econômicas e políticas pode ser codificado e estudado de maneira proveitosa.

É na escola que a primeira característica da geração touch se torna evidente. Pesquisas internacionais demonstram que 52% dos adolescentes usam o YouTube e as redes sociais para estudar. "Prefiro ver as aulas de matemática e ciência em vídeo - para mim é muito mais fácil de entendê-las", diz a mineira Gabriela Salles, que confessa que passa doze horas por dia conectada. Ainda é cedo para ter certeza do impacto que esse uso constante da internet terá na formação dos jovens. Neurocientistas como Maryanne Wolf, da Universidade Tufts, observam que a leitura não é uma atividade natural para a espécie humana, e depende de circuitos cerebrais que requerem o treino da atenção prolongada para se formar. Um efeito colateral desse aprendizado é a ampliação da capacidade de analisar ideias. A imersão permanente na internet, em aplicativos e redes sociais, estimula de maneira diferente os jovens. A geração touch está habituada a lidar simultaneamente com até cinco telas. São três telas a mais em comparação com seus antecessores imediatos da chamada geração Y, que hoje têm por volta de 30 anos. Pesquisas feitas por médicos e psiquiatras do Canadá e dos Estados Unidos confirmam que os adolescentes de hoje demonstram um limite médio de atenção reduzido: são apenas oito segundos, e 11% deles são diagnosticados com transtorno de déficit de atenção. Existe, portanto, um risco no horizonte. Mas faltam estudos para que se possa chegar a conclusões sólidas. "Não há dúvida de que eles aprendem de maneira diferente", diz Wilton Ormundo, diretor do ensino médio da Escola Móbile, em São Paulo. "Isso nos levou a usar não só o computador mas até o celular e as redes sociais na escola. Não é possível excluir das aulas essas ferramentas tão naturais para eles. Grande parte do nosso trabalho atual é ensinar a selecionar as informações e oferecer formas de lidar com as distrações e as multitarefas. Mas não acredito que por isso eles são mais superficiais ou aprendem menos. Na verdade, são bastante exigentes e têm conhecimentos integrados, abrangentes e internacionalizados.

 

(Foto: Marcelo Corrêa/VEJA)

Do grêmio escolar para as redes sociais

 

Débora Salvino, Rio de Janeiro

Como outros adolescentes nascidos em 2000, Débora é hábil em organizar grupos para atuar politicamente e sabe usar as redes sociais para isso. É uma das diretoras do grêmio da escola e promove eventos e debates sobre temas importantes para os estudantes. Facebook, Instagram e WhatsApp ajudam a divulgar as reuniões.

(Foto: Cristiano Mariz/VEJA)

O futuro dono de restaurante

 

Pedro Nóbrega Vieira, Brasília

Pedro quer ser dono de sua empresa, uma característica forte do grupo que hoje está com 15 anos. Como gosta de cozinhar, pensa em fazer um curso de gastronomia para ter um restaurante. Conseguiu um desconto nas mensalidades da escola, e o dinheiro economizado deverá financiar as futuras aulas — ou uma temporada fora do país.

(Foto: Luiz Maximiano/VEJA)

O brechó é o atalho para a Califórnia

 

Joana Fusco, São Paulo

Empreendedora, como outros da geração touch, Joana começou um negócio aos 10 anos. Com três amigas, criou um brechó que já rendeu 25 000 reais. Quer usar o dinheiro para fazer um intercâmbio e, talvez, uma faculdade na Califórnia, nos Estados Unidos.

(Foto: Luiz Maximiano/VEJA)

A voz mais forte da família

 

Gabriel Barrak, São Paulo

A determinação e a seriedade nas decisões são características da geração de Gabriel. Ele já fala espanhol e inglês e pensa em fazer uma graduação nos Estados Unidos. Junto com os pais, decidiu que, se conseguir a aprovação, toda a família se mudará para o exterior.

(Foto: Luiz Maximiano/VEJA)

Dar opinião é fazer política

 

Maria Clara Linhares, Belo Horizonte

Maria Clara é fã de política, mas não acredita em partidos ou instituições tradicionais. Da mesma maneira que outros jovens com a sua idade, acha que política é ter a liberdade para refletir sobre os episódios do cotidiano e expressar suas opiniões. Lê muitas notícias na internet e em aplicativos no smartphone.

(Foto: Bruno Magalhães/Agência Nitro/VEJA)

Conectada 24 horas

 

Gabriela Salles, Belo Horizonte

Para a geração touch, as redes sociais são a melhor forma de se comunicar e compreender o mundo. Gabriela diz que as aulas de ciências e matemática no YouTube são fáceis de entender e mais eficazes. O estudo faz parte de sua intensa dieta de consumo de conteúdos digitais no Snapchat, no WhatsApp, no Facebook e no YouTube.

(Foto: Luiz Maximiano/VEJA)

Tudo pelo coletivo

 

Alice Grimbaum, São Paulo

Alice acha que a forma ideal de construir um mundo melhor é em conjunto, ponto de vista comum entre os adolescentes de sua geração. Ela faz parte de um projeto comunitário e de um grupo feminista, dá aulas a crianças carentes e está participando de um concurso da Organização das Nações Unidas.

(Foto: Luiz Maximiano/VEJA)

Com a linguagem do YouTube

 

Vitoria Moraes, Sorocaba

Parte de uma geração em que todas as relações sociais são definidas pelo universo digital, Vitoria aprendeu a registrar seu cotidiano no YouTube aos 11 anos. Conhecida como Viih Tube, ela hoje usa os vídeos para estudar, divertir-se e conversar com o 1,8 milhão de seguidores de seu canal.

 

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/a-geracao-touch/

 

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