- Publicado em
- 28/12/2023
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Cursos que prometem preparar os executivos para o que virá nos próximos anos estão se tornando cada vez mais comuns no Brasil. Se até pouco tempo atrás quase nada se falava sobre futurismo, hoje o tema está em evidência. "O 'foresight', que no Brasil vem sendo chamado de futurismo - apesar de não ser uma tradução muito correta porque futurismo é um movimento artístico -, não tem um conceito único, mas já há organizações sérias estudando o assunto", afirma Jaqueline Weigel, diretora da W Future School, que oferece cursos na área, e instrutora de liderança exponencial.
Na W Future School há programas que abordam perspectivas de futuro nos negócios, para liderança e carreira. Pessoas físicas pagam R$ 29,90 por mês e têm acesso a todos os cursos da plataforma, e há também o braço da empresa que ministra cursos in company. "Propomos métodos de olhar para o futuro e criar soluções no presente de forma estruturada", explica Jaqueline. "Não adianta ver a realidade no Vale do Silício e não saber como implementá-la aqui ou ver apenas as novas tecnologias. A discussão é maior, sobre mudanças que estão acontecendo na sociedade e no mundo dos negócios."
Agora, Jaqueline está negociando com a Universidade de Turku, da Finlândia, para trazer para o Brasil alguns cursos da escola relacionados a perspectivas de futuro. Para ela, programas que falam de "foresight" são para todo perfil de profissional. "O executivo que não se familiarizar com isso terá pouca chance de trabalho", diz. "Todo mundo precisa se aprofundar nos novos conceitos de negócio, ou pelo menos todo mundo que quer transformar os negócios."
Daniela Klaiman também ministra cursos que falam de futurismo. Até pouco o programa criado por ela era oferecido na ESPM, mas este ano passou a ser feito no InovaBra Habitat, espaço e coinovação do Bradesco em São Paulo. Com o longo nome "O mundo mudou. Você vai ficar de fora? Futurismo, Inovação, Tecnologia e Disrupção", o programa se propõe a atualizar as pessoas sobre o que está acontecendo no mundo e vai mudar as empresas e os mercados. "A proposta é dar um choque nos participantes para que comecem a analisar as consequências do que está por vir", diz Daniela. "São mudanças que estão acontecendo pela novas tecnologias e pelo comportamento da sociedade."
Daniela fala de quatro grandes mudanças de "mindset" que são abordadas no curso: do individual para o coletivo, do racional para o emocional, do linear para o exponencial e da escassez para a abundância. "Entendo que esses assuntos deveriam ser obrigatórios para os gestores, porque eles serão muito impactados pelas mudanças, mas não somente os líderes das organizações, porque as mudanças não são mais 'top down', então é importante incluir mais gente", afirma Daniela, que estudou futurismo na Universidade Hebraica, em Israel.
A Perestroika também tem um curso relacionado a futurismo. Chamado de "Friends of Tomorrow", o programa foi criado em 2013, quando um dos sócios da escola voltou da Singularity University, no Vale do Silício. Santiago Andreuzza, que também ministra o curso, explica que o programa era voltado somente para pessoa física no começo. "Só que os alunos se interessavam em levar as aulas para suas empresas", diz. Então, criou-se também o modelo "in company", que pode ser customizado de acordo com as necessidades da organização. Segundo Andreuzza, já foram ministradas cerca de 30 edições para pessoa física e outras 30 para empresas.
A proposta do "Friends of Tomorrow" é mostrar a transformação que o mundo vem passando e, a partir desse contexto, abordar o impacto da tecnologia como transversal a todos os negócios e áreas. "Existia um jeito de se trabalhar pós-revolução industrial e agora há outro, pós-revolução digital", diz Andreuzza. "Isso inclui habilidades como rápida adaptação, visão holística e ação. Trata-se de uma transformação que é mais de 'mindset' do que tecnológica."