- Publicado em
- 28/12/2023
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Quais são os jogos que fizeram história, quebraram os paradigmas da indústria e mudaram o modo como interagimos com o entretenimento digital?
Reprodução
Spacewar!
1961
O primeiro homem a ganhar status de artista dos games foi o engenheiro americano Steve Russell, que em 1961 desenvolveu um jogo simples em um limitado (para os dias de hoje) computador. Outros programas de entretenimento vieram antes, mas Spacewar! foi o primeiro a ser distribuído comercialmente (ainda assim, pouquíssimos o experimentaram na época, já que computadores praticamente só existiam em universidades). Russell levou 200 horas de trabalho para finalizar o projeto. Em Spacewar!, dois jogadores controlam naves espaciais com recursos limitados de munição e combustível. O jogo foi revisado até chegar à versão final, em 1962. Pense nos rabiscos rudimentares nas paredes das cavernas e dá para entender por que essa é a pedra fundamental dos jogos: além de ter inspirado muitos títulos semelhantes, Spacewar! deu origem a uma nova indústria, que cresceria nos anos 70.
Menção Honrosa Tennis for Two (1958), desenvolvido pelo físico William Higinbotham, que criou o jogo para entreter visitantes do laboratório onde trabalhava.
IMAGEM 1 DE 30 GALERIA ReproduçãoPong
1972
Uma bola (de um pixel) e duas linhas verticais (alguns pixels enfileirados) era o que havia na tela de Pong. E não precisava mais do que isso. A versão que ganhou mais popularidade foi a criada por Allan Alcorn, um programador da Atari, mas ela foi inspirada em um game semelhante do console Magnavox Odyssey, de meses antes. A ideia era simular um tênis de mesa que pudesse ser jogado em bares entre uma bebida e outra. A lenda diz que a primeira versão parou de funcionar repentinamente por causa do excesso de moedas entaladas na máquina. A Atari lucrou tanto que decidiu lançar uma versão doméstica em 1975, ainda mais bem-sucedida – vendendo 150 mil unidades no Natal daquele ano (no Brasil, a versão mais popular foi a da Philco). Foi a primeira constatação de que havia muita gente disposta a gastar dinheiro com jogos eletrônicos. Se não fosse por Pong, hoje não jogaríamos tanto game (e você não estaria lendo esta revista).
Menção Honrosa Magnavox Tennis (1972), jogo de estreia do Odyssey, o primeiro videogame doméstico comercializado nos EUA.
IMAGEM 2 DE 30 GALERIA ReproduçãoSpace Invaders
1978
Se Pong fez as pessoas se acostumarem a jogar em público, Space Invaders levou o vício a um novo patamar. Foi o produto que deu um sopro de ânimo a um abatido nicho de mercado e que inspirou muitos pretendentes a designers a seguir na profissão (Shigeru Miyamoto, da Nintendo, e Hideo Kojima, da Konami, se declaram influenciados pelo jogo). Em 1978, a presença de Space Invaders no Japão era maciça – em bares, restaurantes, shopping centers. Em dois anos, a Taito distribuiu 360 mil máquinas no mundo (um sexto delas apenas nos EUA), que renderam mais de US$ 2 bilhões em fichas (moedas, no caso) ao final de 1982. A versão para Atari 2600, de 1980, foi considerada o primeiro jogo realmente “essencial” de consoles domésticos. O design hoje parece trivial, mas muita coisa nasceu ali: a interatividade com os alienígenas digitais (eles atiravam de volta e avançavam em sua nave), o nível de dificuldade crescente, a utilização de trilha sonora que se acelerava com o jogo e o conceito da pontuação máxima, ou “high score”, entre outros recursos que se eternizaram.
Menção Honrosa Asteroids (1979), a resposta da Atari a Space Invaders, que, utilizando um cenário espacial semelhante, conquistou os arcades e virou febre nos EUA.
IMAGEM 3 DE 30 GALERIA ReproduçãoPac-Man
1980
O grande público já estava mais acostumado aos videogames na entrada da nova década, o que fez o sucesso de Pac-Man algo inevitável. Pela primeira vez o jogador pôde se relacionar realmente com um protagonista – mesmo que ele fosse uma bola amarela com crises de apetite e perseguida por fantasmas obcecados. Antes do herói criado por Toru Iwatani (diz a lenda que ele se inspirou no formato de uma pizza cortada para criá-lo), games eram estrelados por personagens anônimos. Mais do que um fenômeno cultural e midiático que rendeu rios de dinheiro aos envolvidos, Pac-Man era a peça que faltava para estabelecer definitivamente os games no imaginário popular.
Menção Honrosa Pitfall! (1982). Criado para o Atari 2600, foi o segundo game mais vendido da plataforma (o primeiro foi Pac-Man) e também protagonizado por um herói com nome.
IMAGEM 4 DE 30 GALERIA ReproduçãoDonkey Kong
1981
O marco zero das narrativas nos games também é celebrado por ter sido o primeiro jogo dirigido por Shigeru Miyamoto, na época um promissor designer da Nintendo. Em Donkey Kong, o vilão batiza o jogo, deixando para o herói Jumpman o papel de coadjuvante (rebatizado de “Mario” anos mais tarde, o encanador acabou tornando-se o maior protagonista da história dos games). Inspirado pelo filme King Kong, Miyamoto determinou a premissa do gênero “plataforma” – correr e pular para alcançar novos caminhos –, que dominou os games durante mais de uma década. Curiosidade: até hoje há pessoas tentando quebrar o recorde do jogo. A disputa entre os dois principais jogadores foi retratada no ótimo documentário King of Kong.
Menção Honrosa Mario Bros. (1983). O game que deu nome ao Jumpman aproveitou a jogabilidade de Donkey Kong em uma disputa multiplayer. E ainda nos apresentou o irmão dele, Luigi.
IMAGEM 5 DE 30 GALERIA ReproduçãoTetris
1984
Verdade seja dita, jogamos Angry Birds e Candy Crush no smartphone porque certo dia o cientista soviético Alexey Pajitnov resolveu criar um quebra-cabeça eletrônico para testar as capacidades de um computador da empresa onde trabalhava. Foi um relativo sucesso, mas o estouro demorou alguns anos a chegar. Quando a Nintendo incluiu o puzzle de blocos geométricos na embalagem do portátil Game Boy, em 1989, um capítulo crucial da história dos games começou a se desenrolar. Viciante e acessível para todos, é a experiência digital-casual por excelência.
Menção Honrosa Bubble Bobble, Columns, Dr. Mario e tantos outros puzzles viciantes que se inspiraram ou beberam da fonte de Tetris.
IMAGEM 6 DE 30 GALERIA ReproduçãoSuper Mario Bros.
1985
Muitos consideram este o game mais importante de todos os tempos, e não é difícil entender o porquê. A Nintendo ressuscitou o mercado de consoles com o Famicom (NES no Ocidente), graças à sacada de incluir um produto irresistível no pacote. Criado por Shigeru Miyamoto, Super Mario Bros. revolucionou de cara, obrigando o jogador a seguir sempre adiante, explorando oito mundos com uma inédita variedade de cenários e utilizando poderes que nenhum título oferecia. Mario pode crescer, atirar fogo, correr e saltar, além de eliminar inimigos de maneiras diferentes. Nunca um herói virtual foi controlado de modo tão refinado e preciso. Simples de aprender e difícil de dominar (e largar), foi inspiração para todos os games de ação.
Menção Honrosa Prince of Persia (1989), que imitou Mario com humanos digitalizados.
IMAGEM 7 DE 30 GALERIA ReproduçãoThe Legend of Zelda
1986
Antes relegados aos computadores, os games de aventura se tornaram possíveis no primeiro console da Nintendo, com um jogo em cartucho dourado criado por Shigeru Miyamoto (sempre ele!). A aventura de The Legend of Zelda era tão vasta que jamais poderia ser terminada em uma única jogada. Para isso, a Nintendo incluiu baterias nos cartuchos para o jogador salvar o progresso. Com labirintos, upgrades de armas e liberdade de circular sem ordem definida, estavam abertas as portas para a fantasia épica nos games. Narrativas realistas como Call of Duty e GTA hoje fazem mais sucesso, mas o caminho foi pavimentado por esse Zelda.
Menção Honrosa Dragon Quest (ou Dragon Warrior no Ocidente, 1986). Estabeleceu os parâmetros duradouros para os RPGs japoneses nos games.
IMAGEM 8 DE 30 GALERIA ReproduçãoSimCity
1989
Apaixonado por estudos urbanos, o designer Will Wright passou anos desenvolvendo um inusitado simulador de construção de cidades. Ambicioso e lúdico, SimCity foi um sucesso instantâneo e definiu um novo parâmetro para empresas e criadores: o de que um game não precisa ser sobre vencer ou perder para ser interessante. Na pele de um prefeito-engenheiro, o jogador ganha um terreno e recursos limitados para construir a melhor metrópole possível. A duradoura onda de games de estratégia em tempo real foi influenciada por SimCity, mas esse não foi o único legado: a criação de Wright também gerou The Sims, uma das franquias mais lucrativas de todos os tempos.
Menção Honrosa Populous (1989). Lançado meses antes de SimCity, o game levou a ideia do gerenciamento estratégico de cidades a níveis divinos.
IMAGEM 9 DE 30 GALERIA ReproduçãoStreet Fighter II
1991
O primeiro Street Fighter fez relativo sucesso, mas foi o segundo, lançado quatro anos depois, que revolucionou e ditou os parâmetros dos games de luta. Tudo começou ali: múltiplos competidores, poderes especiais que ajudavam os menos habilidosos (quem aí não sabe executar um Hadouken?), combates em melhor de três rounds e uma jogabilidade precisa e variada. Street Fighter II virou de cabeça para baixo o universo individualista dos arcades, gerando competições acirradas e revanches constantes. Mais de duas décadas depois, o espírito competitivo e o carisma dos personagens (e seus bordões) permanecem na memória afetiva da geração que cresceu lutando na pele de Ken, Ryu e Blanka.
Menção Honrosa Final Fight (1989). O game da Capcom – que deveria ser a sequência oficial do primeiro Street Fighter – popularizou os jogos de porrada urbana ao estilo “beat’em up” e rivalizou em sucesso com o arcade Double Dragon, lançado dois anos antes.
IMAGEM 10 DE 30 GALERIA ReproduçãoCivilization
1991
Designer de jogos com formação em história, o canadense Sid Meier afirma ter bebido das fontes de SimCity e Populous para criar Civilization. De tão mais ambicioso do que suas fontes de inspiração, o game ainda hoje é considerado a experiência de estratégia virtual por excelência. Hoje está na quinta geração e, notavelmente, a jogabilidade se mantém a mesma desde a primeira. É justamente esse fator que atrai os fãs dedicados que não raro gastam meses explorando uma mesma aventura épica. Realmente, o que pode ser melhor do que desenvolver uma civilização desde a Idade da Pedra?
Menção Honrosa Age of Empires (1997). O mais bem-sucedido filhote de Civilization é uma verdadeira aula de história temperada com a dinâmica insana dos combates estratégicos.
IMAGEM 11 DE 30 GALERIA ReproduçãoDoom
1993
Se você já gastou centenas de horas dando tiros em partidas multiplayer em lan houses, agradeça a John Romero, John Carmack e ao time da iD Software. Mais famosa criação da empresa, Doom não só nos ensinou a jogar com visão em primeira pessoa, como também contribuiu para tornar os games os alvos favoritos de quem tem medo da “violência” virtual. Sucessor natural de Wolfenstein 3D (cujos inimigos eram nazistas), Doom levou o tiroteio em ambiente tridimensional a níveis ainda mais sangrentos e explícitos, proporcionado por um arsenal variado de serras elétricas, metralhadoras, lança-foguetes e a infame BFG (sigla para “big fucking gun”). A partir daí, jogos de tiro com perspectiva realista e um tipo de humor dos jogos, autorreferente, nunca mais saíram de moda.
Menção Honrosa Quake (1996). Criado pela mesma equipe de Doom, incrementou a ideia do tiroteio em rede para múltiplos jogadores simultâneos e estabeleceu tipos de arenas e armas que são utilizados até hoje no gênero.
IMAGEM 12 DE 30 GALERIA ReproduçãoSuper Mario 64
1996
Os jogos de plataforma nasceram com um título estrelado pelo Mario em 1985, e foi o próprio herói que protagonizou outra quebra de paradigma no gênero. Entre os muitos méritos do game de lançamento do Nintendo 64, o principal foi a popularização da hoje tradicional ambientação em três dimensões. Em Super Mario 64, experimentamos nos movimentar por mundos profundos e dinâmicos e aceitamos a bizarra ideia de uma câmera flutuante nas costas do herói. Poderia ter dado errado, mas o público adorou. Foi o empurrão que as produtoras precisavam para abraçar a causa do 3D, provocando uma reinvenção dos games de ação.
Menção Honrosa The Legend of Zelda: Ocarina of Time (1998). O complexo jogo de aventura épica mitificou ainda mais a franquia criada por Shigeru Miyamoto e salvou o Nintendo 64 de uma biblioteca essencial restrita a games do Mario.
IMAGEM 13 DE 30 GALERIA ReproduçãoPokémon
1996
Pokémon se popularizou na animação, mas foi no Game Boy que a febre começou. Fenômeno multimídia sem precedentes, os “monstros de bolso” se tornaram onipresentes na cultura pop, como se existissem na vida real. Carisma das criaturas à parte, tudo só funcionou graças a um irresistível caráter colecionável que deixava os jogadores querendo mais. Combinando essa premissa à mecânica de RPGs de apelo compulsivo e promovendo o compartilhamento por conectividade portátil, o resultado foi uma obsessão duradoura queoriginou centenas de imitações.
Menção Honrosa Final Fantasy Tactics (1997). Assim como Pokémon simplificou os RPGs, Tactics tornou popular e acessíveis os viciantes jogos de estratégia em turnos.
IMAGEM 14 DE 30 GALERIA ReproduçãoResident Evil
1996
Tomar sustos sempre foi uma das experiências que mais atraem o público ao escurinho dos cinemas. Os videogames não se prestavam a proporcionar o mesmo tipo de emoção, até que a produtora japonesa Capcom colocou no mercado o primeiro título Resident Evil. A experiência de jogar sozinho em um quarto escuro não foi a mesma desde então, potencializada por uma ambientação claustrofóbica que fazia o jogador suar de antecipação, tomando sustos mesmo se estivesse muito atento e concentrado. Outro fator primordial para o sucesso duradouro de Resident Evil: os vilões são zumbis. Quem é que não adora histórias de zumbis?
Menção Honrosa Tomb Raider (1996). Além de contribuir para uma experiência mais cinematográfica, também nos apresentou aquela que se tornaria a heroína mais cobiçada do universo virtual.
IMAGEM 15 DE 30 GALERIA ReproduçãoFinal Fantasy VII
1997
Muitos dos elementos comuns aos RPGs eletrônicos foram inaugurados em jogos da série Final Fantasy. Idealizada por Hironobu Sakaguchi, a franquia tem um nome que mente sobre sua própria natureza: a fantasia jamais é final e sempre continua em um novo capítulo (até agora, mais de 20). Os fãs apaixonados não reclamam e se apaixonaram pelo estilo narrativo lírico e sentimental, que chega a resvalar no brega. Dos muitos jogos da série, nenhum envolveu os jogadores como o VII, lançado para PlayStation. Como não se fascinar por um game que mata uma das protagonistas na metade da história? O episódio VI pode ser considerado um game melhor, mas foi o VII que até hoje se mantém no imaginário popular.
Menção Honrosa Chrono Trigger (1995). Criado pela mesma Square para o Super NES, combinou um enredo trágico com uma ampla variedade de finais (13) e personagens desenhados pelo criador do mangá de Dragon Ball.
IMAGEM 16 DE 30 GALERIA ReproduçãoGran Turismo
1997
Antes de Gran Turismo, havia os “jogos de carrinho”. Determinante na popularização do PlayStation, a série conduziu os games de corrida a um patamar de seriedade jamais visto, primando por gráficos fotorrealistas e a presença de carros verdadeiros com configurações originais (e roncos de motores autênticos). Na condição de simulador de velocidade definitivo, Gran Turismo ainda hoje presenteia os pilotos dedicados com um nível insano de detalhamento, o que comprova que ostentação de realismo nunca é demais em se tratando de um bom game de corrida.
Menção Honrosa Super Mario Kart (1992). Dispensando o compromisso com a realidade e focando na graça de sacanear os amigos, a série não envelhece e continua a melhorar nas novas plataformas.
IMAGEM 17 DE 30 GALERIA ReproduçãoHalf-Life
1998
Enquanto a ação frenética acontece, a narrativa distópica de Half-Life se desenrola sem intervalos para o jogador respirar. Dispensadas as cenas animadas para contar a história, mergulhamos mais profundamente na saga de um herói de poucas palavras, como se o jogador e ele fossem uma só pessoa. O sucesso do jogo, sua continuação e spin-offs (como Counter-Strike) permitiram que a criadora Valve alçasse voos mais ambiciosos, como na criação da plataforma Steam, que revolucionou a distribuição de games.
Menção Honrosa Counter-Strike (1999). Título surgido das entranhas de Half-Life que deu nova luz à experiência do tiro em primeira pessoa e alavancou uma nova era de competitividade profissional nos videogames.
IMAGEM 18 DE 30 GALERIA ReproduçãoMetal Gearl Solid
1998
Enredos sempre foram importantes nos games, mas foi em Metal Gear Solid que a história começou a ter um apelo tão fundamental quanto o ato de jogar em si. Claro que ajudava muito ter uma estrutura bem organizada em que era preciso se esconder, puzzles engenhosos e memoráveis batalhas com chefões canastrões, mas o ambicioso projeto de Hideo Kojima queria brilhar também pelas ideias. Com personagens dublados por atores experientes e trilha sonora dramática, a experiência é simultaneamente interativa e cinematográfica. Tão divertido quanto jogar é assistir à atuação do agente Snake em um cenário distópico de pós-guerra, ainda que bastante sintonizado com os problemas contemporâneos. Metal Gear emulou – e de certa forma incomodou – o cinema.
Menção Honrosa GoldenEye 007 (1997). Ocasionalmente, o flerte dos games com o cinema dá bons resultados. O jogo de tiro para N64 ainda hoje é lembrado como o melhor game inspirado em um filme que quase ninguém viu.
IMAGEM 19 DE 30 GALERIA ReproduçãoStarCraft
1998
Jogos de estratégia em tempo real já eram populares quando a Blizzard lançou StarCraft, que transferiu a típica ação ininterrupta das eras medievais para planetas remotos. Mais do que uma excelente e complexa experiência de estratégia militar, o game garantiu seu lugar na história como um dos primeiros a ser tratados como um esporte verdadeiro, gerando campeonatos mundiais e prêmios em dinheiro. Na Coreia do Sul, jogadores profissionais se tornaram celebridades milionárias.
Menção Honrosa Diablo (1996). Pegou o velho conceito de explorar masmorras, matar demônios e acumular tesouros e o refinou como nenhuma outra série, propiciando longas sessões de cliques.
IMAGEM 20 DE 30 GALERIA ReproduçãoThe Sims
2000
Se os gamers gostam de cuidar de cidades, por que não gostariam de cuidar dos habitantes dessas cidades? Will Wright partiu dessa premissa e emprestou metade do nome da franquia que ele próprio criou (SimCity) a este autêntico simulador de vida humana. The Sims cativou quem ansiava por se ver retratado na tela do computador e nos ofereceu a chance de repetirmos nossas rotinas no mundo virtual. Ao mesmo tempo, também nos permitiu fazer tudo de modo moralmente questionável, despertando o lado amoral e sádico em cada um de nós. Viciante, mesmo que às vezes mais entediante do que a vida real, o jogo se manteve ativo com pacotes de expansões, gerou continuações e deu pistas de como nos comportaríamos mais tarde, nas redes sociais.
Menção Honrosa Second Life (2008). Lançado como um “The Sims para adultos”, acabou não dando tão certo, mas foi o mais próximo de uma realidade paralela que tivemos.
IMAGEM 21 DE 30 GALERIA ReproduçãoGrand Theft Auto III
2001
No game que colocou a Rockstar Games no topo da indústria, o jogador passou a ter toda uma cidade à disposição, podendo circular sem rumo e ignorar os objetivos apenas pelo prazer de semear o caos ou louvar a procrastinação. O jogo, totalmente (ou quase) aberto, é um convite à vida fora da lei: bater em prostitutas, atropelar velhinhas, assaltar pedestres, por que não? Tudo é permitido. Cada novo GTA é melhor do que o anterior, mas foi este terceiro capítulo – o primeiro em um mundo tridimensional – que determinou que a melhor regra é poder quebrar todas as regras.
Menção Honrosa Shadow of the Colossus (2005). A liberdade de ir e vir combinada a um cuidado estético de alto valor artístico resultou em umadas experiências mais emocionantes da história dos videogames.
IMAGEM 22 DE 30 GALERIA ReproduçãoWorld of Warcraft
2004
Nem sempre o primeiro game de um gênero é o mais importante, e no caso dos jogos MMO (sigla para massive multiplayer online), essa máxima é válida:World of Warcraft surgiu em 2004, e fez o mundo real compreender o avassalador poder de persuasão das sagas épicas para múltiplos participantes, em ambientes de amplitude infinita apinhados de orcs, saqueadores, anões e criaturas encantadas. Com 12 milhões de assinantes em seu auge, o mundo mágico de Azeroth continua a ser habitado, explorado e venerado por fãs.
Menção Honrosa EverQuest (1999). Anterior a WoW, mas tão viciante quanto, determinou muitos dos conceitos básicos aos MMOs recentes. E continua ativo hoje.
IMAGEM 23 DE 30 GALERIA ReproduçãoWii Sports
2006
Mesmo sem ter dinheiro para competir em tecnologia de ponta com Sony e Microsoft, a Nintendo conseguiria revolucionar a maneira como jogamos. Wii Sports era democrático e intuitivo, acessível para todas as faixas etárias, e ao mesmo tempo determinava um novo paradigma de jogabilidade, baseado em um joystick com sensores de movimentos. A tendência prosseguiu nos anos seguintes e foi imitada pela concorrência, mas jamais de modo tão bem-sucedido e divertido.
Menção Honrosa Guitar Hero (2005). Foi considerada uma das “salvações da indústria fonográfica” por bons e lucrativos anos, até sofrer com o desinteresse do público. Fez barulho – literalmente.
IMAGEM 24 DE 30 GALERIA ReproduçãoCall of Duty 4
2007
Videogames brincavam de guerra desde o início dos tempos, mas os conflitos representados eram sempre remotos demais para que o jogador se identificasse com eles. Até que a franquia Call of Duty passou a trazer temas contemporâneos para seus roteiros. A aposta era a de que, quando se trata de jogos de guerra, os pretendentes a soldados iriam preferir imaginar um futuro hipotético do que relembrar as batalhas de tempos antigos. Funcionou, e, ano após ano, a série Modern Warfare bate recordes de vendas e cria polêmicas com seus enredos realistas até demais, tramas de narrativa cinematográfica, violência exagerada e um modo multiplayer perfeito para jogadores compulsivos.
Menção Honrosa BioShock (2007). Combinando o estilo frenético da visão em primeira pessoa com um enredo impecável com uma cidade submarina claustrofóbica como pano de fundo, o game de Ken Levine provou que há espaço para histórias profundas nos jogos de tiro.
IMAGEM 25 DE 30 GALERIA ReproduçãoBraid
2008
Jonathan Blow é um criador independente que quer tudo, menos oferecer respostas fáceis aos jogadores. Braid, o projeto pessoal dele, superficialmente parece um game de plataforma tradicional ao estilo Super Mario com acentuadas pretensões artísticas. No recheio, o que surpreende é a jogabilidade inventiva e desafiadora, baseada na manipulação do tempo. E é nas entrelinhas que está o maior brilho do jogo: Blow queria – e conseguiu – fazer um produto que servisse de metáfora para questões filosóficas da existência humana. Mesmo que poucos tenham captado a mensagem, Braid entra para a história como o título que melhor representa a era de ouro dos jogos indie.
Menção Honrosa Journey (2012). Como o nome entrega, o game artístico é uma jornada espiritual que faz o jogador mais sentir do que compreender.
IMAGEM 26 DE 30 GALERIA ReproduçãoFarmville
2009
Você jogou – e, se jura que não jogou, certamente conhece alguém da sua família que ainda joga. Farmville foi o game que todos amaram odiar nos últimos anos, e as reações apaixonadas de ambos os lados são facilmente compreensíveis. Com Farmville, games sociais se transformaram em uma nova galinha de ovos de ouro da indústria, mostrando que há muito mais gente interessada em experiências interativas do que parecia evidente. Mais do que um game, é uma experiência de caráter colaborativo, que obriga o jogador a interagir compulsivamente com uma fazendinha virtual e com outros fazendeiros (no caso, os seus amigos do Facebook).
Menção Honrosa Candy Crush Saga (2012). Também nascido e estourado no Facebook, o puzzle de doces despertou discussões pertinentes sobre o vício.
IMAGEM 27 DE 30 GALERIA ReproduçãoAngry Birds
2009
Até o surgimento de Angry Birds, o sinônimo de “jogo casual para portátil” era Tetris. Com a ascensão do game da produtora finlandesa Rovio, a cultura pop se viu invadida por aves sem asa com expressões enfezadas e porcos verdes cafajestes. Primeiro foi no iPhone, alastrou-se para outros dispositivos e extravasou o universo dos games – brinquedos, camisetas, livros, desenho animado... A premissa é tão absurda quanto irresistível (porcos roubam ovos dos pássaros, que revidam com ataques suicidas) e fez os gamers notarem que usar a tela do smartphone como controle está cada vez mais interessante.
Menção Honrosa Flappy Bird (2013). Irritante e viciante, aperfeiçoou o modelo de “jogos para sessões de 30 segundos” do mobile.
IMAGEM 28 DE 30 GALERIA ReproduçãoLeague of Legends
2009
O game como modalidade esportiva não é novidade desde os tempos de StarCraft e Counter-Strike. Mas League of Legends alcança hoje uma abrangência de público digna de um esporte, e se comporta como um (leia mais na pág. 24). A popularidade se deu por uma série de características – é grátis, tem uma curva de aprendizado acessível, lembra um esporte coletivo –, mas é o caráter emocionante e competitivo das batalhas místico-medievais que atrai milhões todos os meses às arenas online do game. Hoje, LOL é o jogo online mais jogado do planeta, com quase 70 milhões de pessoas batalhando todo mês. E os profissionais concorrem a prêmios em dinheiro, fama e patrocínios, atributos que atraem cada vez mais gente para a carreira.
Menção Honrosa Dota 2 (2013). A arena de batalha virtual criada pela Valve não tem tantos seguidores ativos como LOL (que foi lançado quatro anos antes), mas tem uma comunidade dedicada e numerosa que confirma que o game como esporte competitivo não é mais uma mania passageira.
IMAGEM 29 DE 30 GALERIA ReproduçãoMinecraft
2011
O sueco Markus Persson criou um simulador de construção com peças geométricas de apelo interativo e visual retrô. Antes mesmo de ser lançado oficialmente, Minecraft já era um sucesso, conquistando milhões de crianças e adolescentes de ambos os sexos, que não apenas jogavam, mas queriam consumir tudo sobre a febre (não é coincidência que os canais do YouTube mais assistidos da atualidade são especializados em Minecraft). Também é um raro game que pais e professores não desestimulam as crianças a jogar, por enxergar nele um caráter educativo e estimulante de criatividade e raciocínio.
Menção Honrosa LittleBigPlanet (2009). Surgido como uma iniciativa da Sony de estimular a criação e o compartilhamento entre os jogadores, deu origem a uma comunidade ativa e apaixonada – algo raro em consoles.
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